Hoje tenho o prazer de postar aqui um texto um pouquinho mais longo, ele foi enviado pelo nosso grande, e põe grande nisso, Aventureiro Robison Portioli. É uma história sensacional, uma experiência que Robison resolveu compartilhar com todos através do livro “Vida Nômade – Liberdade, Desapego e Aventura”
Junto ao texto estão algumas fantásticas fotos tiradas durante suas Aventuras!
Sei que o texto é grande, mas vale a pena ler!
"Viajar pelo mundo é o sonho de muitas pessoas, porém, poucas são aquelas que realmente lutam para realizá-lo.
Robison Portioli é um aventureiro que conseguiu realizar o sonho de muitos motociclistas: viajar de moto pela América do Sul. Aos 23 anos, passou 150 dias em cima da moto e percorreu 25mil quilômetros por seis países até chegar à Curitiba. Ponto de partida da sua primeira viagem.
Abrir mão de uma vida estável é um medo constante na vida de todos, mas a família Portioli resolveu deixar para trás a estabilidade para viver intensamente os momentos do presente. Robison começou a viajar cedo. Aos nove anos seus pais resolveram comprar um motorhome- o Canela – nome inspirado na expressão “Sebo nas Canelas”- e viajar pelo Brasil. O ônibus-casa levou Robison(9), suas irmãs July(7) e Kelly(2) e seus pais Marcos e Liliane para uma aventura pelos estados brasileiros que durou quase três anos. Nesse período, as crianças cresceram aprendendo os verdadeiros valores da vida ao conviver com inúmeras culturas, raças e condições sociais.
“Aqueles anos foram responsáveis por muito, mas muito do que somos. Minha família embarcou em uma jornada rumo a uma nova maneira de viver e essa escolha nos transformou” afirma Robison.
Sem falar na imensa variedade de paisagens naturais e lugares históricos, uma preferência do itinerário daquela expedição. Por estarem fora da escola, Liliane e Marcos compravam os livros didáticos e eles mesmos ensinavam as crianças, focando a educação não só nas ciências, mas principalmente no incentivo à realização dos sonhos.
“Era fácil estudar o descobrimento do Brasil em Porto Seguro – BA, ou a inconfidência mineira no próprio estado. Visitamos um monte de engenhos de cana de açucar no nordeste e museus de todo tipo. Para estudar geografia e história do Brasil, era só olhar pela janela ou ir com nossa casa para os lugares onde aconteceram as coisas.”
Viajar passou a ser rotina para esta família. Conheceram boa parte do Brasil, mas a paixão de todos foi a ensolarada região nordeste. A cidade escolhida para desligar os motores do Canela foi João Pessoa, na Paraíba, onde o casal começou um négócio de artesanato e os pequenos viajantes voltaram a frequentar a escola tradicional.
Não demorou muito para voltarem às estradas, desta vez Marcos e Liliane resolveram ir sem as crianças e de moto. Saíram de João Pessoa, passaram no Rio de Janeiro, depois Mato Grosso do Sul, por fim o Acre e de volta à Paraíba, totalizando 14 mil quilometros rodados. A aventura contagiou todos da família que agora, além de viajar, queriam viajar sobre duas rodas.
Passados alguns anos de moradia fixa na Paraíba, o Canela voltou para a estrada rumo ao centro-oeste do Brasil e foi do Mato Grosso do Sul que Robison partiu para sua a primeira viagem de moto: 1000 quilômetros até Curitiba. Desde então, não parou mais.
Formou-se Técnico em Mecatrônica e trabalhou duro na capital Paranaense, mas a Paraíba era mesmo sua paixão. Aos 21 e com July (irmã) na garupa fez a viagem de volta para João Pessoa, cruzando quatro regiões do Brasil, em 12 dias e mais 5 mil quilometros. “Passamos por dentro da Serra da Canastra – MG, um dos lugares mais lindos que já conheci, por trechos que de carro seria impossível” completa o aventureiro.
Ao ser questionado sobre o risco dessas viagens, Robison tem uma resposta na ponta da língua: “Cresci na estrada viajando com meus pais e eles me mostraram que o medo, frequentemente, é um monstro apenas imaginário. Viajo com responsabilidade, planejamento e principalmente seguindo a intuição. Os riscos existem, é verdade, mas eles estão em todo lugar, não só nas estradas. Decidir engavetar sonhos intimidado por eles? Não foi isso que eu aprendi.”
A viagem pela América do Sul estava nos planos há algum tempo, mas outra importante lição aprendida na estrada era sobre a paciência de esperar o momento certo. Então, Robison ficou na Paraíba por mais um tempo, trabalhou, estudou, mas jamais esqueceu esse sonho.
Aos 23 anos, finalmente encontrou o momento adequado, e não hesitou em vender o que tinha, deixar a faculdade e viajar. No roteiro não estavam apenas as estradas do Brasil. Desta vez queria também conhecer outros países da América do Sul. Preparou um pequeno projeto chamado “Rumo a um mundo novo”, cuja ideia era aprender sobre a realizade do mundo, entende-lo e prepara-se para melhora-lo.
Com sua moto “alada”, voou pelo nordeste e norte do Brasil, descobrindo as belezas naturais das praias e da floresta amazônica. Estava equipado com barraca e saco de dormir, e precisava contar com ajuda das pessoas para que viajasse de forma econômica, usufruindo da hospitalidade e generosidade do povo brasileiro.
Eu dizia: “Estou viajando porque quero mudar o mundo para melhor” e as pessoas me acolhiam sem medo, brilhando os olhos ao reviverem uma esperaça comum à nossa gente; a de que os jovens são chave para um futuro melhor.